quinta-feira, 13 de junho de 2013

Carta aberta a um Amigo Professor

Este é o email que acabei de enviar a um Amigo que é professor e que, de há uns anos para cá, se tem chateado enormemente com os ataques de que a sua classe tem sido vítima e, como bom representante, vastas vezes o faz questão de mencionar aos seus amigos enviando-lhes emails de contra-ataque aos nossos (des)governantes:


Caro Amigo Professor,
Como sabe, acompanho-o totalmente nesta preocupação. Porém, e se calhar porque não me dói, canso-me vastas vezes de bater no ceguinho. A conclusão a que cheguei, e creio ter já partilhado consigo, é a de que estes bandalhos que teimamos em eleger para nos governar descobriram um dos podres da nossa sociedade e decidiram começar a escarafunchar por aí.
Antigamente, a sociedade respeitava e venerava os Professores, era uma realidade aceitável dada a condição nobre da sua função, espalhar o saber! Eu lembro-me bem disso sabe? mas isso era dantes, quando uma grande parte da população deste país era analfabeta e ansiava por o não ser. A minha geração (pós 25 de Abril que são quem nasceu para aí depois de 1968/69) promoveu a aniquilação desse sentimento. Nós deixamos de ansiar pelo conhecimento e pela abolição do analfabetismo porque pura e simplesmente isso nos era já imposto. As pessoas que me antecederam  e conviveram comigo durante o período de aprendizagem passaram a odiar os professores e tudo o que representam porque aquilo que representam era uma imposição. Eu mesmo odiei muitos professores mas penso hoje que ter-se-á devido à irreverência e insolência da idade de então.
Apesar de tudo, a realidade deste país não mudou... As pessoas aprenderam a ler e a escrever mas continuam analfabetos, são os chamados analfabetos funcionais que, sabendo ler, são incapazes de interpretar o que leram e, sabendo escrever, jamais conseguirão pegar numa ideia sua e explaná-la num texto estruturado. São essas pessoas, que nunca gostaram de estudar, que nunca guardaram na cabeça as formulas básicas que necessitamos de usar no dia a dia normal de um ser pensante, sejam elas de geometria, trigonometria ou estatística, são essas pessoas que escrevem umas quantas linhas sem coerência de tempo ou número (alguns chegaram a jornalistas) e colocam as vírgulas no fim em função do número de palavras, é essa gente que se ri e goza daqueles que o fazem corretamente que agora ocupou grande parte da sociedade (60% da população portuguesa são analfabetos funcionais) que odeia os professores porque continua a achar que eles ganhavam a vida facilmente à custa de algo que entendiam como sofrimento para si próprios.
É essa a podridão que José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues descobriram e na qual decidiram escarafunchar. a mesma podridão onde o Crato, não percebendo nada de governação, achou por bem escarafunchar também.
É este o país que temos, um país de imbecis... Tão imbecis que ficarão contentes com os professores a dar 40 horas de aulas por semana e não importa que passem a não corrigir testes ou preparar as aulas.
Pouco lhes importa que os seus filhos sejam mal formados... querem é ver os professores sofrer... e deliciar-se (não deliciarem-se) com o declínio dos que os rodeiam!


José Eduardo


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