Cavaco exige um governo de maioria absoluta, ou melhor, uma
solução que tenha o apoio maioritário e consistente na assembleia da república,
que é como quem diz o que diz mas sem que o diga de facto... Foi pelo menos esta a mensagem que enfatizou
no seu discurso à nação a pretexto do anúncio das eleições legislativas para o
dia 4 de Outubro.
O Presidente Silva já o tinha dado a entender... Há bem
pouco tempo deixou mesmo no ar a possibilidade de não dar posse a um governo de
maioria relativa. Apesar de não explicar muito bem o que quis dizer com
“soluções governativas construídas à margem do Parlamento, dos resultados
eleitorais e dos partidos políticos“, a generalidade dos media publica e alinha
pelo mesmo compasso e, assim como quem disfarçadamente dá um pontapé na
originalidade, os "opinion makers", "paineleiros" e
diretores de folhetim cá da eira desatam a dizer que sim, que só um governo de
maioria absoluta nos tirará do abismo e elevará aos céus sem se distrair com
picardias e desarranjos intestinais por inerência da necessidade de luta
político-partidária lá pelo meio. Ora, começo por dizer que se olharmos para o
que cá temos então, logo cai por terra o evangelho que os de acima vêm
profetizando nos últimos dias. Se governo houve que mais se tenha estatelado no
asfalto por não saber utilizar com moderação o travão dianteiro da
"motorizada política", foi precisamente o da coligação de vendas e
saldos que agora se apresenta à reeleição. Se fosse preciso, a irrevogabilidade
das decisões de um dos seus lideres tirar-nos-ia quaisquer dúvidas!
A verdade é que... bem... isto sou eu a dizer... a minha
verdade é que fico inteiramente "à nora" de cada vez que constato que não tiram a
seriedade do rosto quando batem neste grave sustenido que é a tecla que usam
para enfatizar a ideia.
Governabilidade? Sim, percebo... sei bem aquilo que os move
mas... e a democracia? não é o que deve prevalecer?
De toda a minha vivência observadora e (deixem-me encher o
peito de ar e alinhar o risco do penteado) a experiência que levo (seja ela social, política ou outra qualquer), me leva a afirmar que
a democracia é tão mais elevada quão representativa seja a formação de uma
direção, governo, comité ou assembleia. Qualquer líder intelectualmente honesto
para com os outros usará do anexim para confirmar esta minha tese e Subscreverá
a minha sentença. Todo e qualquer protagonista de governação achará mais
difícil fazê-lo em circunstâncias que o obrigam à negociação política mas no
fim, depois de atingidos os consensos (esses sim muito mais democráticos)
aceitará que a democracia saiu a ganhar. Um governante que tenha de satisfazer
exigências de cores partidárias diferentes da sua estará simplesmente a alargar
o seu campo de ação aos outros eleitores, àqueles que o não elegeram mas terão mesmo assim de ser por si governados e o seu interesse ou pensamento diferentes estarão também, dessa forma, a ser respeitados.
A isto chama-se democracia e quem o
consiga fazer poderá ser chamado governante. É o normal dirigir de uma nação:
numa legislatura predominam as políticas dos vencedores mas a democracia vinga
e ganha gosto quando polvilhada com pontuais acordos parlamentares aqui e ali,
mediante a necessidade e o bom senso. Eu, por mim, abomino o absolutismo, e as maiorias absolutas!
Já em relação a Cavaco, ia dizer que não me merece atenção principalmente neste fim de mandato mas, pela sua impertinência, pela sua capacidade de incomodar e tanto aqueles cujos direitos e dignidade deveria assegurar, lá terei eu que lembrar a forma como foi eleito e assumiu liderar um governo minoritário em 1985 com 29,87% dos votos. O Cavaco de hoje, portanto, não daria posse ao cavaco menos engelhado de 1985.
O Cavaco de hoje é um político medíocre que espelha a falta de sofisticação intelectual e a política deste pequeno país e, já agora, para condizer com a metade da população que é analfabeta funcional, domina muito mal a língua Portuguesa.
Este último parágrafo li-o algures...
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