A Europa veste-se de luto, mas não toda... Como escreve o André Macedo no editorial do DN de hoje, Os partidos xenófobos europeus alimentam-se do terror e não fazem luto nenhum, instrumentalizam-no, bebem do sangue derramado, defendem a exclusão, os muros da peçonha, a perseguição. A resposta a estes agressores, os internos e os externos - embora tendo eles motivações e graus de irracionalidade de natureza diferente -, só pode ser uma: não ceder. A Europa levou mais um tiro, levará muitos outros. Mas não pode cair. Não pode cair.
Por mim. parece-me que ainda não se pôs de pé. Os verdadeiros e mais ferozes ataques que a Europa tem sofrido são aqueles que, camuflados de fogo amigo, nos atingem em pleno coração em forma de política praticada pelos nossos. A Europa é plural, tendencialmente agnóstica mas tolerante para com todas as religiões e por isso, do ponto de vista desta prévia caracterização, nunca fizeram qualquer sentido as iniciativas legisladoras que a pouco e pouco nos foram tornando hostis às minorias que acolhemos, embora maiorias à escala global.
Apesar disso, não foi a estas últimas que coube despoletar ou sequer potenciar as ações violentas que a Europa tem sofrido nos últimos tempos. Há que tentar perceber a que resultados práticos estes trágicos acontecimentos, cada um deles, têm levado e, olhando para esse mesmo resultado, se entenda o que é que serviu a quem. A capitalização da opinião pública assumiu, neste tempo de globalização mediática, adjetivação de arma suprema dos estados e, por via do controlo total dos órgãos de comunicação social, determinando a seu belprazer que informação entra em casa das pessoas, juntando ainda a arregimentação de políticos, comentadores e "paineleiros" facciosos e permeáveis à concubinagem ideológica, ao que se adicionam pitadas de parvoice com a disponibilização em massa de conteúdo audiovisual viciante e absorvedor de atenções, os líderes mundiais vão estando muito mais preparados e cheios de certezas daquilo com que podem contar no imediato momento que se segue a qualquer acontecimento que entendam programar em antecedência à intervenção bélica, política ou social. Desta forma é possivel orientar o povo para reagir de determinada maneira a determinado acontecimento que, por ter sido inventariado como hediondo e altamente improvavel, e as orientações do bem e do mal tenham sido antes justadas por uma das partes, o povo jamais acredite tratar-se de instrumento!
Os ataques à Europa não são tiros de AK47 nas mãos de alguém que veste turbante. São os acordos económicos com os Estados Unidos que nos prejudicam economicamente de forma tão absurda que nós mesmos julgamos tratar-se de cisma própria. São o uso inadequado da riqueza gerada internamente na aquisição de bens de consumo imediato que nos emprestam sensação de conforto imediato. Os ataques à Europa são a contínua força exercida sobre o entendimento social de que o caminho é rumo ao estereótipo ultra atlântico. O verdadeiro ataque à Europa é o que resultou na perda da identidade vincada que sempre nos caracterizou.
A resposta à violência que assistimos deverá ser muito mais inteligente do que aquela que nos têm tentado impingir por estes dias. A resposta deverá assentar na condenação sólida e inamovivel de mais violência. Venha (vá) ela de onde vier (fôr).
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