quarta-feira, 24 de agosto de 2016

compromitentemente

 o quarto estado

Este texto não é dirigido a quem não aprova ou não tolera o cooperativismo, não é uma afronta a quem repudia a unidade na defesa do interesse comum de uma classe ou faixa social, não é aferroada a quem trabalha na sombra ou se move pelo egoísmo... mas podia ser.
A unidade proletária é a garantia do avanço no sentido da satisfação das reivindicações de quem depende do rendimento do seu trabalho para viver e, por reivindicações, entenda-se manutenção da dignidade humana e da sobrevivência social.
A unidade patronal está garantida à partida por via das associações empresariais, do facilitismo e condescendência da "burguesia assalariada", e da fidelidade de entidades políticas que, ao contrário das que se lhe opõem, nunca ponderam ceder o mínimo na defesa dos interesses e ambições dos que os patrocinam.
Quero com isto dizer que uma boa estrutura e organização sindical é imprescindível ao correto desempenho da atividade reivindicativa e que essa estruturação ótima se baseia sobretudo no alinhamento com entidades paralelas que, dotadas de centros de debate alargado e influenciadas por outras que alinhadas no mesmo sentido, garantem o fortalecimento da assertividade das decisões e diminuem largamente a possibilidade de erro. Basta que analisemos as tomadas de posição pública dessas estruturas em busca de quaisquer más decisões para que, percebendo a continuidade de orientação pró-Trabalhador, se entenda como permanente a postura ideal e acertada. Não quero com isto obviamente deliberar que todas as estruturas sindicais não alinhadas não sejam de confiança e não mereçam a proximidade das pessoas, nada disso, muitas são as que não se "incorporam" apenas e só por pequenas diferenças ideológicas, técnicas, ou até mesmo económicas. Não. o que entendo ser verdadeiro é que, ao fazer-se da sua desvinculação bandeira de valorização afirmando que a escolha se deve à opção pela condução por ideias próprias é, decididamente, um péssimo argumento, senão vejamos:
  • Raras, senão inexistentes, são as situações de decisão alinhada e concertada dos sindicatos afetos à CGTP que possam correr o risco de ser apelidadas anti-Trabalhador;
  • As decisões e ideias próprias de um pequeno grupo pensante não são garante de decisão acertada, pelo menos não tanto como as provenientes do fórum alargado que é a intersindical que, estando também obviamente sujeita à inclusão de intervenientes maus, a sua dimensão se encarrega de diluir e maioritariamente eliminar.

Continuando, também a opção pela projeção nacional da abrangência de uma estrutura sindical deverá ser entendida como mais valia por via do descomprometimento de fatores menos importantes para o Trabalhador. Qualquer sindicato que assente a sua atividade e inerente financiamento num universo de Trabalhadores que se distribua por um alargado número de empresas deixará obviamente de dedicar importância e preocupação à projeção mediática das suas ações. Corrijo-me: deixará de lhe atribuir a principal importância! Isto porque há momentos em que, tendo por base dados e avaliações de panorama menos óbvios, analisadas as circunstâncias e previstos os resultados, a decisão que melhor venha a servir os Trabalhadores pode não ser a que maior aceitação tem junto destes.
Ora, o que acontece num cenário de dimensão reduzida e projeção representativa dedicada a um universo que se circunscreva a uma única ou reduzido número de empresas, quaisquer decisões ou alterações de posição serão obviamente ponderadas em função da aceitação popular primária. alguém sussurrou populismo?
Também o confronto com situações de iminente perda levará sem retorno a atitudes de agressividade não ponderada que, por inerência, levam também à opção pela desvalorização da retidão nos atos e nas declarações.

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