co·la·bo·ra·ci·o·nis·ta
(colaboração + -ista)
1. Relativo a colaboracionismo.
2. Que ou quem colabora com o inimigo ocupante de um território.
O Senhor Antunes é pobre... nasceu pobre, vive pobre e, na sua condição de assalariado, continuará pobre até morrer a menos que, como é de sua esperança, lhe saia o euro milhões.
O Senhor Antunes não se acha pobre... Diz que ganha muito bem e tem um cargo de chefia lá na fábrica. Sai todos os dias de gravata bem apertada ao pescoço e mala de couro castanha bem marcada pelo tempo mas, tendo custado uma fortuna há 22 anos, porque não haveria de manter o valor?
Do Senhor Antunes... bem... ninguém gosta dele lá na fábrica! exceção feita ao estagiário e ao Fernandes que o admira como a um pai! Ah, já agora, sim, os filhos gostam dele, como todos os filhos gostam dos pais, não lhes perguntem é porquê, não saberão responder.
O Sr Antunes acha-se rico, apesar de não lhe sobrar ordenado ao fim do mês.
O Sr Antunes esmera-se no cumprimento da obrigação porque se assim não fosse, quem colocaria a fábrica a andar?
O Sr Antunes joga no euro milhões, nunca lhe saiu, mas tem a certeza de que o merece e será uma questão de tempo até que aconteça... passa os dias a planear a vida a partir daí e nunca se decide acerca da hipotética continuidade na fábrica se tal acontecesse.
O Sr Antunes, em agosto, ia de férias para o Algarve e esforçava-se por dizer umas palavras em francês porque afinal, não precisou de emigrar mas gostava de ter ido a Paris.
Os filhos do Sr Antunes já não querem ir com ele para o Algarve e, por isso, ele também já não vai...
O Sr Antunes odeia todos os seus colegas do trabalho, à exceção do Fernandes e do estagiário... pelo menos até que este abra a pestana!
O Sr Antunes é muito amigo do dono da fábrica, mas tal sentimento não é reciproco.
O Sr Antunes esforça-se para que seja...
O Sr Antunes aponta num papel o nome de quem perde demasiado tempo na retrete e vai olhando de olhos semicerrados a ver quem tem o telemóvel na algibeira.
O Sr Antunes não percebe porque é que o Patrão cedeu à pressão da malta do armazém e passou a pagar-lhes mais que o salário mínimo.
O Sr Antunes continuava convencido de que o salário mínimo é o justo para quem não tirou o tirocínio como ele.
O Sr Antunes acha que se aprendia mais no sétimo ano antigo do que agora na faculdade...
O Sr Antunes esgotou as suas poupanças porque obriga os filhos a formar-se mesmo contra a vontade deles.
O Sr Antunes casou com a mulher da sua vida mas, à noite, os únicos diálogos que ecoam nas paredes são os das novelas da TVI.
O Sr Antunes entra todos os dias uma hora mais cedo e não sai da fábrica enquanto o patrão lá estiver!
O Sr Antunes gosta de ver a que horas entram e saem os funcionários da fábrica.
O Sr Antunes vai todos os Domingos à missa e participa em todas as atividades da coletividade local.
apesar disso...
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