domingo, 30 de agosto de 2020

Pedonomia, didactologia e a influência do rumo em detrimento da oposição

O método sempre foi bom indicador da finalidade...

De esquina a esquina, o ativismo tem vindo a assumir forma muito mais agressiva e menos pedagógica.

Onde quer que seja, quando quer que seja, se não estás a levar a cabo uma revolução assumida, capitalizada, reforçada e estruturada, então a agressividade indica claros ímpetos de vaidade e preenchimento de lacunas pessoais ou interesse mediático do que, propriamente, altruísmo ou vontade de mudar o mundo.

Não sendo velho, eu vivi o tempo de declínio acentuado do racismo, da xenofobia, do fascismo e até dos hábitos de poluição. Tudo fatores penosos para a sociedade e o mundo em geral que aprendemos a combater sem necessidade de "lhes bater"....

A educação e empenho na pedagogia coletiva são instrumentos fundamentais para que, fundada uma ideia de óbvia comparação entre o bem e o mal, se instale no subconsciente da sociedade um sentimento de vergonha a cada vez que nos passe pela cabeça (e indubitavelmente passa), quaisquer ímpetos de natural reação animal e, dessa forma, por vergonha própria, e falta de mau exemplo para as gerações seguintes, o mal se erradica ou, se não, mantém-se manietado a pequenas ocorrências que, porventura, servirão para reforçar a personificação da imagem do mal, apondando-se-lhes o dedo acusador.

Isto não é, de todo, uma negação das revoluções, porém, a necessidade de que essas, quando acontecem, tenham de ser efetivas quanto ao seu resultado, sob pena da descredibilização, leva a que a sociedade tenha de esperar muito mais para a sua concretização. Se a contabilização d"as armas" pender para o lado errado, a revolução tenderá a ter efeito contrário.

O que refiro acima precisa também de muitas "armas"... Desde logo o sistema educativo, com foco nos programas curriculares de educação e na sua vertente ideológica e sociológica, mas não se fica por aí... A comunicação social tem, a seguir à educação (há quem a coloque antes), papel fundamental e explícito na "regulação" identitária e ideológica da sociedade a que pertence.
O panorama atual, em que a quase totalidade dos órgãos de comunicação social se encontra, por clara propriedade, nas mãos de interesses corporativistas, e os que não estão, são públicos e os seus gestores nomeados por governos que estão, por clara influência e financiamento, nas mãos dos mesmos interesses corporativistas, não ajuda à ideia de perspetiva de propensão célere para a mudança, porém, há uma peça fundamental, os jornalistas, que continuam a ter, cada um, o seu cérebro e o seu sentido de bem e mal, influenciável pela sua necessidade e sentido de sobrevivência, obviamente, mas também pela sua formação. É aqui que valido a secundarização da comunicação social em confrontação com a educação (escola).

Simplificando, não é na oposição musculada que reside a arma mais forte de combate...

Não é a chamar os fascistas de burros que os vamos combater, até porque, os que os organizam não são burros, e os que verdadeiramente o são não se converterão quando evidenciamos a sua burrice. Devemos sim, evidenciar as suas incoerências, a não conformidade do discurso com a sua posição, na hora da decisão.

O mesmo se aplica em relação ao racismo e xenofobia...

O mesmo se aplica em relação ao machismo, mas esse é um assunto cuja discussão acarreta riscos cuja convivência exige melhor preparação.

José Eduardo


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