sexta-feira, 11 de outubro de 2019

O punho cerrado direcionado ao capital

Há, em demasiadas empresas, trabalhadores (sem T maiúsculo) cuja única luta de classes a que aceitam dar corpo é a que determina a manutenção do cariz precário dos vínculos contratuais que não o seu.

Aqueles que sempre viveram ajoelhados invejam de morte os que ousam levantar-se e gritam, a plenos pulmões, que não é assim que se anda!

Demasiados trabalhadores optam por relativizar a sua condição e a única certeza que têm é a de que, enquanto houver quem esteja pior, isso lhes garante uma caracterização menos má, e sentimento de superioridade sobre alguém.

Não são mal esclarecidos... Estão até bem conscientes da delicadeza da sua situação e, escolha própria, decidem colar-se às decisões do patrão, interiorizando uma condição burguesa sem que, na verdade, o conceito se verifique na plenitude. Para eles isso não importa... Na verdade, tudo o que os faz feliz é a manutenção do rótulo perante a vizinhanca, ainda que já só exista na sua imaginação.

É por isso que, perante a iminência de implosão da figura montada (tantas vezes se aguentando já apenas no seu próprio imaginário) os trabalhadores com "t" pequeno se voluntariam ao trabalho de reação e, cegueira total, se predispõem com ainda maior veemência que o patrão a defender aquilo que é moralmente indefensável. É por isso que, quando ignorados e ridicularizados, por acumulação do ridículo, não há patrão que os mantenha de pé.

Importa por isso realçar a necessidade de que a verdadeira luta de classes se organize em exercício ponderado de desvalorizar por completo esta pequena fação reacionária e afunilar diretamente em convergência de esforços sobre o verdadeiro opressor, o patrão.
Não é um exercício espontâneo. A oposição entre iguais costuma ser a que maior indignação provoca no Trabalhador revolucionário, por estar completamente tomado, a nível mental, pela necessidade de convergência de esforços numa só direção e se depara com "fogo inimigo" em espaço de iguais. Aqui costuma residir grande parte da capacidade de resistência do capital, de maneira a que o Trabalhador revolucionário, assim que o atinja, ja venha fragilizado na sua vivacidade e crença no sentido da luta coletiva.

A estratégia parece-me simples do ponto de vista da aplicação, muito menos no âmbito da mudança de paradigma e predisposição, mas certamente com grande sentido de ganho na hora da sua concretização.


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